Jorge Palma um Senhor na Escuridão
Tenho um especial apreço por este grande músico português que se conseguiu manter verdadeiro e fiel às suas convicções transformando as sua letras e músicas como hino contra à inactividade e hipocrisia social, desprovidas do conceito do que está moda, da ignorância e do socialmente instituído (escuridão). Contra tudo e todos sozinho, guerreiro e resistente, marginal,para mim representa numa vertente de rock tuga urbano com cheirinho a Lisboa, uma lufada de ar fresco no meio dessas ruas escuras sem fim, uma abertura de espaço onde possas ser tu próprio, onde dá gosto perdermo-nos, mas com a música de fundo deste grande senhor.
Em baixo algumas das letras que me tocaram sem deixar rasto de mim próprio……….
Acorda, Menina Linda
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda ver que lindo presente
A aurora trouxe para te prendar
Uma coroa de brilhantes para iluminar
O teu cabelo revolto como o mar
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Porque terras de sonho andaste
Que Mundo te recebeu
Que monstro te meteu medo
Que anjo te protegeu
Quem foi o menino que o teu coração prendeu ?
Acorda, menina linda
Anda brincar
Que o Sol está lá fora à espera de te ouvir cantar
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Anda a ver o gato vadio
À caça do pássaro cantor
Vem respirar o perfume
Das amendoeiras em flor
Salta da cama
Anda viver, meu amor
Acorda, menina linda
Vem oferecer
O teu sorriso ao dia
Que acabou de nascer
Acordar tarde
Tocas as flores murchas que alguém te ofereceu
quando o rio parou de correr e a noite
foi tão luminosa quanto a mota que falhou
a curva – e o serviço postal não funcionou
no dia seguinte
procuras ávido aquilo que o mar não devorou
e passas a língua na cola dos selos lambidos
por assassinos – e a tua mão segurando a faca
cujo gume possui a fatalidade do sangue contaminado
dos amantes ocasionais – nada a fazer.
irás sozinho vida dentro
os braços estendidos como se entrasses na água
o corpo num arco de pedra tenso simulando a casa
onde me abrigo do mortal brilho do meio-dia